Sinovac estabelece parceria com Tecpar para fortalecer a produção local de vacinas

Acordo entre a multinacional chinesa e o Instituto Estadual prevê formulação e envase de imunizantes contra raiva, poliomielite, varicela e doenças pneumocócicas

São Paulo, 21 de fevereiro de 2025 – A Sinovac, farmacêutica multinacional, e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) anunciam a assinatura de um acordo que prevê o fortalecimento da produção local de vacinas e maior incentivo à indústria brasileira. O documento foi firmado durante evento na obra do Parque Tecnológico Industrial da Saúde do Tecpar, em Maringá, e contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Inicialmente, o acordo prevê que as duas empresas trabalhem em conjunto em projetos com vistas à formulação e o envase de vacinas virais para doenças como raiva, poliomielite e varicela, e vacinas bacterianas para doenças pneumocócicas.

“A Sinovac tem orgulho de firmar essa parceria com o Tecpar e de compor essa frente de trabalho de instituições que atuam de forma eficiente na estruturação de plataformas tecnológicas para a produção local de vacinas”, comenta Cintia Lucci, Diretora Institucional Sênior para América Latina. Cintia ainda reforça que a colaboração visa também o desenvolvimento de uma indústria autossuficiente que gera empregos, inovação e competitividade, além de reduzir a dependência de insumos importados e assegurar uma resposta ágil a futuras crises de saúde.

Em junho de 2024, durante sessão plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), na presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, a Sinovac já havia anunciado o interesse em investir US$100 milhões no Brasil em demais projetos de P&D e produção local. Selecionada por meio de um chamamento público conduzido pelo Tecpar, a Sinovac consolida com essa parceria a possibilidade de investimento na construção de instalações para a produção de vacinas e desenvolvimento de terapias avançadas no país.

Iram de Rezende, Diretor Industrial da Saúde do Tecpar, enfatizou a importância desta parceria, reforçando que “este acordo representa um marco para a autossuficiência e competitividade da indústria brasileira de vacinas, especialmente em um momento em que a segurança sanitária e a sustentabilidade do PNI são temas prioritários para o país.”

Hoje, o Tecpar é o laboratório público responsável pelo fornecimento da vacina antirrábica veterinária ao Ministério da Saúde. Desenvolvido integralmente pelo instituto, este imunizante foi essencial no controle de casos de raiva em humanos e animais, destacando a expertise do Tecpar na produção de vacinas.

Após a finalização da etapa de obras no Parque Tecnológico Industrial da Saúde do Tecpar, em Maringá, serão realizados novos investimentos, públicos e privados, visando a produção de insumos estratégicos para o Ministério da Saúde, bem como parcerias para a Pesquisa e Desenvolvimento de novos produtos.

Sinovac tem papel central na produção de vacinas e na saúde pública do Brasil

Instalação de fábrica no país é estratégica para o fornecimento de imunizantes que protegem a população contra doenças infecciosas, uma vez que não será mais necessário importar esses insumos de outros países. Geração de empregos e fortalecimento do setor são outros pontos positivos

Em junho de 2024, o vice-presidente do Brasil e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou o investimento de R$ 100 milhões da Sinovac na produção de vacinas e terapias celulares no país. 

Na mesma visita oficial à China, Alckmin também divulgou a parceria da empresa com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em pesquisa e desenvolvimento de vacinas. “A ciência ajuda o mundo e temos que avançar ainda mais, temos que trabalhar juntos, por isso saúdo a disposição da Sinovac de investir no Brasil”, disse o ministro na ocasião.

Segundo Weining Meng, vice-presidente da Sinovac, durante a pandemia de COVID-19 a empresa percebeu o potencial e a demanda para vacinas na América Latina, particularmente no Brasil, um grande mercado na área da saúde. A região, porém, carece de uma indústria biofarmacêutica robusta, especialmente na produção de vacinas. 

“Nossa estratégia é trazer a produção e desenvolvimento de vacinas para o Brasil, fortalecendo parcerias locais para estabelecer operações de longo prazo. O modelo tem sido bem-sucedido na Turquia e esperamos replicá-lo na América Latina”, afirma Meng.

A empresa tem duas joint-ventures fora da China, o que pode ser replicado no Brasil. Na Turquia, foi realizada uma parceria com uma empresa privada local e a fábrica já está totalmente operacional, com transferência de tecnologia em andamento. Na Colômbia, a joint-venture foi com o município de Bogotá, e a fábrica deve começar a ser construída em 2025. 

A Sinovac distribuiu mais de 3 bilhões de doses de vacina contra a COVID-19 no mundo, cerca de um terço para países em desenvolvimento. No Brasil, a parceria com o Instituto Butantan possibilitou o fornecimento de mais de 125 milhões de doses.

“Nós já contamos com uma produção brasileira, com laboratórios públicos fabricando vacinas no país, mas essa capacidade não é suficiente para atender toda a demanda nacional. Ampliar essa produção seria fundamental, permitindo que o Brasil também se torne um exportador de vacinas, especialmente no contexto latino-americano”, opina a epidemiologista Carla Domingues, doutora em saúde pública e coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde entre 2011 e 2019. 

Além da COVID-19, a Sinovac planeja aumentar a disponibilidade de uma variedade de vacinas, visando doenças que afetam tanto o Brasil quanto a região mais ampla da América Latina. O objetivo é que a produção local e as parcerias estratégicas contribuam para o crescimento do setor de biotecnologia do Brasil, promovendo a inovação, a criação de empregos e o desenvolvimento de longo prazo no setor de saúde. 

“Ao estabelecer a produção local, vamos não apenas criar empregos, mas também estimular investimentos em pesquisa e desenvolvimento, estudos clínicos e manufatura. Isso vai beneficiar tanto o setor público quanto o privado”, atesta Meng.

Segundo Domingues, a produção local impacta positivamente a economia, diminuindo a necessidade de importação e fortalecendo a balança comercial. “Com uma infraestrutura biofarmacêutica local, ampliamos o mercado produtor nacional, impulsionamos o PIB e geramos empregos formais. Esse avanço vai além dos benefícios à saúde pública, representando uma expansão do mercado e um impacto social significativo”, diz.

O vice-presidente da Sinovac afirma ainda que o Brasil tem uma grande força de trabalho e excelentes cientistas, o que contribui para que a colaboração com parceiros locais maximize os recursos aplicados, fortalecendo a indústria de vacinas. 

“Estamos comprometidos com produção 100% local, não apenas em envasar algo produzido fora do país. Isso vai aumentar a eficiência da indústria e nos permitir competir com empresas multinacionais”, ressalta o executivo da Sinovac.

A Sinovac já possui três vacinas pré-qualificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS): contra a poliomielite, a hepatite A e a varicela. Essas vacinas, amplamente reconhecidas e utilizadas em diversas regiões, demonstram o compromisso da empresa em garantir soluções imunológicas seguras e eficazes para o Brasil e o mundo, reforçando a confiança pública e a cooperação com órgãos regulatórios internacionais.

Terapias celulares

Além de vacinas, a Sinovac planeja desenvolver novas tecnologias no Brasil, como terapias de células CAR-T. No Brasil, um estudo clínico está sendo realizado para aprovar o uso em larga escala de uma tecnologia desenvolvida no país, a um custo bem inferior aos tratamentos aprovado nos Estados Unidos. 

Por isso, a Sinovac pretende investir em pesquisa e desenvolvimento e estabelecer colaborações no país para a produção dessa e de outras terapias avançadas. Atualmente, 50% dos estudos clínicos para células CAR-T e terapias gênicas são realizados nos Estados Unidos, 40 a 45% na China e muito poucos na Europa e no Japão. Na América Latina, ocorrem menos de 1% desses testes, o que evidencia a oportunidade para o Brasil crescer nesse campo.

“Atualmente, as terapias CAR-T disponíveis no Brasil têm os mesmos preços praticados nos Estados Unidos, o que as torna inacessíveis para a maioria dos brasileiros. Produzindo localmente e investindo em pesquisa e desenvolvimento, podemos tornar essas terapias mais acessíveis, transformando o Brasil em um líder em biotecnologia junto a China e Estados Unidos”, afirma Meng.

Parcerias

A Sinovac já se comprometeu em colaborar com instituições de pesquisa brasileiras, como a Fiocruz, como parte do Centro BRICS de Desenvolvimento de Vacinas. A instituição federal já é uma parceira em pesquisa básica e estudos clínicos, que a empresa considera chave para reforçar a inovação na criação de vacinas e para tornar o Brasil um player auto-suficiente na indústria de vacinas.

“Ter uma produção nacional é essencial, especialmente quando falamos de insumos farmacêuticos ativos aqui no Brasil. Isso reduz nossa dependência do mercado internacional e aumenta a capacidade de resposta rápida a emergências, tanto no país quanto globalmente, o que faz uma grande diferença”, explica Domingues.

“O Brasil é um país membro dos BRICS com tremendo potencial para a inovação em saúde. Por meio de nossa colaboração com a Fiocruz, pretendemos construir uma indústria capaz de enfrentar tanto desafios nacionais quanto globais de saúde”, encerra Meng.

Sinovac facilitou o acesso dos países do Hemisfério Sul às vacinas contra a COVID-19

Segura e eficaz, com doses que não precisam de refrigeração, empresa possibilitou que mesmo moradores de regiões remotas fossem imunizados, num período em que outros imunizantes chegavam apenas a países ricos 


Mesmo um país que tenha muitas doses de vacina à disposição ainda precisa fazê-las chegar à população. Na América do Sul, com alguns dos maiores rios do mundo, montanhas e florestas, levar os imunizantes para todo o território, muitas vezes em lugares remotos, foi um grande desafio. 

Nesse contexto, a Sinovac se mostrou uma aliada e tanto de governos nacionais e locais e seus sistemas de saúde. Podendo ser armazenada por até 42 dias a 25o C, a vacina possibilitou que populações indígenas e ribeirinhas, por exemplo, pudessem ser vacinadas. 

“Nossa capacidade de distribuir vacinas em extremas condições na China, que tem regiões desafiadoras assim como no Brasil, combinada com nossa experiência durante a pandemia, nos dá confiança para garantir uma distribuição de vacinas irretocável, mesmo em regiões remotas como a Amazônia”, afirma Weining Meng, vice-presidente da Sinovac e representante da empresa no Brasil.

Enquanto outras vacinas chegaram primeiro na Europa e Estados Unidos, os mercados mais ricos, ainda no final de 2020, a Sinovac trouxe a primeira vacina contra a COVID-19 para a América Latina.

“O Butantan foi o primeiro fornecedor de vacinas contra a Covid-19 para a América Latina. Foi uma estratégia de transferência de tecnologia que nos favoreceu muito”, apontou a então coordenadora da Unidade Técnica de Medicamentos, Tecnologia e Pesquisa da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Maria de los Angeles Cortés, durante visita ao Instituto Butantan em 2022. 

Um estudo divulgado em agosto de 2024, que avaliou 2163 voluntários entre vacinados e não vacinados, mostrou que a eficácia da vacina da Sinovac em prevenir casos moderados e leves de COVID-19 foi de 91%. 

Quando chegou ao Brasil, algumas informações equivocadas geraram dúvidas em parte da população. Ainda assim, a vacina provou sua importância no combate à pandemia e continua sendo aplicada no Programa Nacional de Imunizações. 

Três anos após o início da vacinação, permanece como uma opção recomendada, inclusive, para pessoas com menos de 40 anos. No final de 2022, o Ministério da Saúde, seguindo exemplos de países como Reino Unido e Estados Unidos, passou a sugerir a substituição de outras duas marcas de vacinas para esse grupo etário nas doses de reforço, devido ao risco de trombose observado após a aplicação.

Na avaliação de Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), fundador e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a situação no Brasil era tão crítica em 2021 que qualquer vacina, desde que aprovada pelo órgão, seria bem-vinda.

Mesmo nesse contexto, porém, a parceria do Instituto Butantan com a Sinovac foi “muito inteligente”, dado o histórico da empresa chinesa, fundada em 2001, na produção de vacinas. E também pelo fato de não necessitar de refrigeração em baixíssimas temperaturas, como era o caso de outras vacinas que se apresentavam no mercado naquele momento.

Aliada perfeita

Antes que fosse fabricada no Brasil pela parceira da Sinovac no país, o Instituto Butantan, as primeiras 10,8 milhões de doses foram importadas da China. Após esse período, passaram a ser fabricadas na instituição paulista, uma das mais respeitadas do mundo, chegando a 125 milhões de doses no total.

Em outros países da América do Sul, a vacina também foi estratégica para atender populações espalhadas nos cantos mais recônditos do continente. Era o momento em que a variante Gama, então conhecida como P.1, se originara em Manaus e caía por terra a possibilidade de uma imunidade de rebanho, como chegou-se a acreditar que aconteceria com o SARS-CoV-2. 

“Alguns ainda insistiam que a contaminação do maior número possível de pessoas levaria à imunidade de rebanho. A Gama acabou de vez com essa perspectiva, uma vez que ela surge e aumenta o número de mortes, justamente quando a maior parte da população de Manaus já havia tido contato com o vírus”, lembra Vecina.

O enorme desafio de conduzir vacinações em larga escala na Amazônia, dado o isolamento de muitas comunidades e a infraestrutura precária de navegação por rios e as poucas estradas, precisava ser superado. A Sinovac foi a aliada perfeita.

Crianças

A vacina da Sinovac foi autorizada para uso no Brasil no dia 17 de janeiro de 2021. Um ano depois, a Anvisa autorizou a ampliação do uso da vacina para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos de idade. Ainda em março de 2022, o Instituto Butantan solicitou a ampliação do uso para crianças de 3 a 5 anos.

A aprovação, por unanimidade, veio no dia 13 de julho e incluía mesmo crianças imunossuprimidas e com comorbidades. A decisão se baseava em estudos clínicos e em dados epidemiológicos que demonstraram a efetividade e a segurança no público infantil. 

No Chile, a vacina havia sido a mais segura para as crianças e teve a menor taxa de eventos adversos registrada. Outros países como China, Colômbia, Tailândia, Camboja e Equador já haviam administrado as doses em crianças de 3 anos ou mais. A partir de 2023, crianças a partir de 6 meses passaram a poder ser vacinadas contra a COVID-19.

Até outubro de 2024, mais de cinco milhões de crianças de 6 meses a 11 anos de idade haviam sido vacinadas com três doses contra a COVID-19. Entre 12 e 17 anos, eram pouco mais de 6,5 milhões, segundo o Ministério da Saúde.

A Sinovac teve papel central no encerramento da pandemia, tanto no Brasil quanto no cenário global. Sua adoção em diversos países do Hemisfério Sul ajudou a equilibrar a distribuição de vacinas mundialmente, contribuindo para uma resposta mais equitativa à crise da COVID-19.

Sinovac participa de jantar com Lula e Xi Jinping no Palácio do Itamaraty

Representante da Sinovac LATAM se reúne com os presidentes e demais autoridades em Brasília

Brasília, 20 de novembro de 2024 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na última quarta-feira (20), o presidente chinês Xi Jinping em um jantar diplomático realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O encontro celebra os 50 anos das relações bilaterais entre Brasil e China e estreita ainda mais os laços de cooperação entre os dois países. Cintia Lucci, vice-presidente Institucional para América Latina da Sinovac, esteve ao lado de autoridades e representantes de grandes empresas, e sua participação selou o compromisso da farmacêutica após anúncio de investimentos de US$100 milhões para produção de vacinas e transferência de tecnologia para o Brasil.

Na manhã que antecedeu o jantar, os presidentes assinaram 37 acordos e memorandos de entendimento para acelerar a cooperação bilateral em áreas como agricultura, comunicação, ciência, tecnologia e outros. “As relações China-Brasil encontram-se no melhor momento na história”, disse Xi Jinping. Lula, por sua vez, destacou que os dois países se tornaram exemplo de cooperação Sul-Sul, e que Xi Jinping “tem servido de inspiração para as mudanças profundas que a humanidade deve empreender para falar mais de paz do que de guerras; para cooperar mais do que competir; para criar mais do que destruir”.

A Sinovac fez sua estreia no Brasil durante o jantar e se prepara para estabelecer parcerias estratégicas que irão impulsionar o desenvolvimento nas áreas de saúde, tecnologia, geração de empregos e monitoramento de doenças. “O encontro foi uma grande oportunidade para estreitar o relacionamento com autoridades e empresários locais e reforçar a importância estratégica da SINOVAC para a contribuição ao acesso à saude, na prevenção por meio de vacinas e no investimento em novas tecnologias”, comentou Cintia Lucci.

O evento ainda contou com a presença de Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; Fernando Haddad, ministro da Fazenda; a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco dos Brics; Nísia Trindade, ministra da Saúde; Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento; Zhu Qingqiao, Embaixador da China no Brasil; Marcos Galvão, Embaixador do Brasil na China; Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso.